Educação ambiental e educação física escolar: uma proposta para o período de baixa umidade do ar


Leonardo Liziero
Rosimeire da Conceição Pereira França
Moacir Pereira Castro
Rubens Silva Arguelho
Hilton Alves Silveira Junior

Contatos do autor principal: professorleonardoef@gmail.com
Escola Municipal em Tempo Integral Profª. Ana Lúcia de Oliveira Batista. Campo Grande/MS


Este relato de experiência teve por objetivo apresentar uma proposta de plano de ensino realizado com alunos dos 4º anos do ensino fundamental da Escola Municipal em Tempo Integral Professora Ana Lúcia de Oliveira Batista. O plano de ensino foi realizado no 3º bimestre de 2011, período de inverno em Campo Grande. Ao invés das baixas temperaturas esperadas, há o predomínio de muito calor e pouca chuva, ocasionando a baixa umidade relativa do ar. Esta condição climática gera diversas complicações para o meio ambiente e também ao organismo humano. No primeiro caso, há situações como: aumento do potencial de incêndio em pastagens. No caso das complicações ao corpo humano, podemos citar: complicações alérgicas e respiratórias, possível sangramento do nariz, ressecamento da pele, irritação dos olhos, desmaios, entre outras. Estas complicações para o organismo são agravadas com a prática de atividades físicas de alta intensidade, ou seja, aquelas que exigem grande esforço físico.
Nesta época do ano a Secretaria Municipal de Educação (SEMED) orienta aos professores de Educação Física para atentar aos Índices de Umidade Relativa do ar, evitando realizar atividades físicas nos dias mais secos. Diante dessa realidade, buscou-se contextualizar junto aos alunos as características ambientais da região em que vivem, as consequências para o próprio corpo e as atitudes necessárias para amenizar suas consequências, assim como, identificar possibilidades de intervenção no meio ambiente.
Os alunos participaram de uma proposta metodológica na perspectiva de problematização seguindo os critérios propostos por Berbel (1995), como seguem: “Observação da Realidade”, “Problematização”, “Levantamento dos Pontos-chave”, “Teorização”, “Hipóteses de Solução” e “Aplicação à Realidade”. Partindo sempre da práxis, a Metodologia da Problematização leva o aluno a analisar a sua realidade social de maneira consciente, identificando nela situações que geram conflitos e/ou desequilíbrios. Uma vez identificado o problema é feita uma análise para definir os pontos-chave, ou seja, as possíveis causas do problema definindo os aspectos que precisam ser conhecidos e estudados. Em seguida, chega-se a teorização que caracteriza a busca de informações técnicas, científicas e empíricas para subsidiar a busca de alternativas de resolução do problema. A próxima etapa é o levantamento de hipótese de solução objetivando instigar o aluno a criar, elaborar, encontrar alternativas para superação do problema e por fim parte-se para a aplicação à realidade, etapa em que se definem ações para solucionar o problema identificado, voltando dessa forma à realidade com uma ação intencional, consciente e transformadora.
Seguindo essa metodologia, na etapa de “Observação da Realidade” os alunos aprenderam a aferir a frequência cardíaca (FC) manualmente e realizaram estafetas de corridas. Foi solicitado que eles aferissem a FC antes e logo após as estafetas. Foi solicitado também que eles relatassem as alterações corporais que estavam sentindo após a realização das estafetas. Aumento da FC, cansaço, sede, suor foram os sintomas mais citados. Por meio desta atividade, os alunos compreenderam algumas das alterações que a atividade física (AF) realiza no organismo. Os comentários dos alunos foram registrados em cartaz pelo professor para utilização em outra atividade. Ainda nesta etapa, o professor apresentou slides aos alunos que apresentavam as características e consequências do clima seco para o organismo humano e apresentou a “problematização”. Em roda de conversa os alunos compreenderam a relação dos efeitos da atividade física (suor, sede, cansaço, entre outros) com os efeitos do clima seco (diminuição da umidade relativa, forte calor, cansaço, perda hídrica) para o organismo humano ao levantar os “Pontos-Chave” nos quais os alunos indicaram que em tais situações climáticas era necessário realizar AF de baixa intensidade e ainda que fossem necessários cuidados maiores com o lixo produzido por nós, uma vez que o lixo jogado de qualquer maneira pode ser causador de possível foco de incêndio, agravando ainda mais a condição climática da época. A próxima etapa realizada foi a “Teorização” na qual os alunos pesquisaram por meio de leitura de texto-base produzido pelo professor para responder a um questionário que abordava sobre o Clima Seco e Atividades Físicas. Na fase de “Hipóteses de Solução” os alunos vivenciaram atividades de baixa intensidade, entre elas bocha, dama humana e jogos de salão (dama, xadrez) e organizaram uma Gincana de Arrecadação de Materiais recicláveis. Os materiais arrecadados (garrafa PET, jornal, papelão, tampinhas de garrafa) foram utilizados na etapa “Aplicação à Realidade” para confecção de brinquedos, entre eles: bilboquê e barangandã, entre outros.
Por meio da problematização do clima seco os alunos compreenderam as alterações corporais ocasionadas por meio da AF e as oriundas do clima seco. Assim, entenderam a importância dos cuidados com o corpo nesta época do ano, assim como dos cuidados com o ambiente por meio do lixo que produzimos, seja tendo cuidado com a devida procedência para o destino do lixo, seja na sua reutilização para a construção de brinquedos.

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