Bosque dos estudantes: Uma contribuição na construção de um ambiente escolar ecológico


Elaine Silvia da Cruz Vieira
Francisco Gomes Vieira
Rosimeire Conceição Pereira França
Contatos do autor principal: e-mail: elaines.cruzvieira@gmail.com, telefone: (67) 3314-5051
Escola Municipal Professora Ana Lúcia de Oliveira Batista - Campo Grande-MS

 A Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu, no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), no período de 13 a 22 de junho de 2012, com o objetivo maior de definir a Agenda 21 do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas, a partir da discussão sobre como as esferas sociais e ambientais, além da econômica, devem ser consideradas no desenvolvimento de um país. O entrelaçamento das questões sociais, ambientais e econômicas foi considerada condição necessária para os desafios do desenvolvimento sustentável com vista à implementação de políticas públicas que priorizem ações locais para a inclusão social e a conservação da natureza.
Nesse contexto, a educação assume papel significativo na formação de uma geração que recebe a incumbência de legitimar as decisões da Agenda-21 por meio de ações cotidianas de respeito à vida do planeta, sustentadas por princípios e valores conscientes.
A proposta pedagógica da Escola Municipal Professora Ana Lúcia de Oliveira Batista, de permanência dos alunos em tempo integral, tem como um dos princípios a educação ambiental, com o objetivo de tecer o compromisso de fazer do meio ambiente referência intrínseca do processo de aprendizagem. Esse princípio deve ser entendido como um processo permanente em que os estudantes, juntamente com a comunidade, tomam conhecimento do seu ambiente, vivenciando experiências e construindo valores, atitudes, competências e habilidades para atuarem, individual ou coletivamente, de forma crítica e responsável, na busca de soluções para os conflitos presentes e futuros, relativos à problemática ambiental.
A percepção e a análise do meio ambiente na comunidade local favorecem, não somente a visão reducionista do senso comum que é apenas ecológica, mas sua compreensão como sistema composto por fatores essenciais relacionados aos aspectos sociais, culturais, econômicos e, também, ecológicos. Isto exige o conhecimento de técnicas e a efetivação de ações conservacionistas e preservacionistas no ambiente escolar. Para tal, o apoio da comunidade interna e externa se torna ferramenta imprescindível ao sucesso da proposta e à mudança de atitudes e da concepção de educação ambiental.
O Projeto Político Pedagógico da Escola Municipal Professora Ana Lúcia de Oliveira Batista propõe um currículo com abordagem de saberes e fazeres inter e transdisciplinares que promovam o desenvolvimento de culturas voltadas à sustentabilidade e favoreçam a vivência de formas mais saudáveis de vida, com a finalidade de provocar mudanças na realidade em que os alunos estão inseridos. Nesse sentido, a escola enfrenta um grande desafio: promover a formação de professores, alunos e a participação da comunidade escolar externa para favorecer a sensibilização frente aos problemas ambientais e o desenvolvimento de ações que propiciem a construção de uma sociedade, ambientalmente, sustentável.
Essa meta conduz a escola a organizar um currículo interdisciplinar e desenvolver, periodicamente, atividades de educação ambiental que contribuem para a formação docente e discente.
Os educadores, ao perceberem que o bairro onde a escola se insere não tinha uma arborização adequada, se preocuparam com o tratamento do ambiente ecológico da escola e de sua redondeza. Elaboraram um projeto de trabalho que envolveu os 570 discentes das 20 turmas da escola e exploraram situações com os alunos valorizando os seguintes princípios: compreender elementos naturais do espaço de vivência, compreender a importância da preservação do ambiente para a sociedade e perceber que as alterações nas paisagens podem ser efetivadas de maneira equilibrada.
Uma das ações realizadas pelos alunos, junto com os seus pais e com os moradores do bairro, foi o plantio, no dia seis de junho do ano de dois mil e nove, dia nacional do meio ambiente, de um arvoredo em uma área de 868 metros quadrados, que ampliou a área verde da escola e aproveitou melhor seu terreno de 17 mil metros quadrados, onde a área construída é de, aproximadamente, 5.343 metros quadrados.
O viveiro municipal doou setenta mudas de árvores e o técnico em agropecuária e gestor ambiental, Francisco Gomes Vieira, auxiliou na seleção dessas mudas, optando, em maioria, por mudas de árvores nativas para valorizar a flora regional. Contribuiu, ainda, com orientações relativas à realização de covas, do plantio, da adubação e quanto aos cuidados no cultivo e acompanhamento do desenvolvimento das plantas.
Os pais, as crianças e os funcionários da escola plantaram vários tipos de árvores nativas e exóticas, como: jacarandá, ipê amarelo, ipê rosa, angico, aroeira, pata de vaca, ingá, oiti, canafístula, ébano oriental e flamboyant.
No dia vinte e dois de outubro de dois mil e onze, as árvores, mais crescidas, receberam placas de identificação com seus nomes populares e científicos. O espaço, que recebeu o nome de Bosque dos Estudantes, atrai diversos tipos de pássaros e está se tornando um recanto agradável para toda a comunidade escolar. Além disso, propicia a realização de pesquisas, de estudos, a admiração da beleza do lugar, o usufruto de sombras das árvores e, dessa forma, com certeza, já promove a qualidade de vida das pessoas que vivem na região.
A ideia é que, ao aprender a cuidar do meio ambiente interno, de forma criativa e com visão interdisciplinar, os alunos possam se tornar, fora do ambiente escolar, propagadores de conhecimentos e de atitudes cidadãs compromissadas com as questões ambientais e capazes de transformar os contextos sociais.
É com essa expectativa que os educadores da Escola Municipal Professora Ana Lúcia de Oliveira Batista promovem a educação ambiental trazendo, para o interior da escola, problemáticas a ela relativas e provocando vivências contínuas de situações que favoreçam a reflexão sobre o meio ambiente, sem que estas estejam restritas a determinadas áreas do conhecimento e a algumas datas especiais. É dessa forma que julgamos contribuir para o alcance das metas estabelecidas na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) ao fomentar a formação de nossos alunos fundada em valores e juízos que, com certeza, resultarão em um mundo melhor. 

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